terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Histórias Curtas - 7

Hoje, um aluno chega esbaforido e gritando:
_ Professor, num é que é bule quando chamam a gente de filho da puta?
Pra não começar a rir na frente da criança, virei de costas depois de encaminhá-la novamente pra brincadeira.

Há uns dois meses o mesmo guri grita para mim numa distância de uns 5 metros:
_ Professor, a Stéphane chamou a gente de lambisgóios!!!!
Mordendo a língua pra não rir, dirijo-me à aluna:
_ Stéphane... não chame teus coleguinhas de apelido!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Boiola quatro bolas?!?!

Hoje, debaixo de um calor escaldante, estava em aula com as crianças. Ficamos por volta da sombra fazendo umas brincadeiras quando dois alunos começaram a discutir. De longe acompanhava toda a função, mas não quis me intrometer. De repente, um dos alunos começa a correr atrás do outro chamando o guri de Bicha.
Não tardou muito e um dos alunos começou a gritar:
_ Professoooooooooooor!!! Professoooooor, o fulano quer me bater.
_ Claro, professor ele tava me chamando de boiola quatro bolas!
_ Mas tu me chamou de bicha primeiro!!!
Chamei as crianças para conversar, sentei-me no banco e coloquei um de um lado e outro de outro antes de começar o interrogatório.
_ Ei, porque vocês estão brigando?
_ Ele me chamou de boiola quatro bolas.
_ Quatro bolas?!!? _ Perguntei surpreso.
_ Sim – respondeu o aluno.
_ Tah, mas não estou entendendo. O que é boiola?
Neste instante, um dos alunos sai fugido. E passo a pergunta para o que ficou do meu lado.
_ É um cara que fica com outro cara!
_ Hummmm. E isso é ruim?
_ É porque todo mundo fica chamando!!!
_ Tah! E esse negócio de quatro bolas? O que é isso?
_ Sabe as bolinhas que os homens têm?
_ Sim! O que tem?
_ Ele fala que eu tenho quatro. E quem tem quatro vai toda hora ao banheiro fazer o número 1.
Ouvindo isso já esbocei um sorriso e redobrei minha atenção.
_ Ah, então quanto mais bolas se tem, mais xixi se faz?
_ Aham.
_ Mas tu tem quantas bolas?
_ Duas.
_ Hummmm... E tu vai muito ao banheiro?
_ Não.
_ Porque tu tá te incomodando com isso, então, cara?
Zonzo de tanta pergunta, o aluno sai do banco meio sem saber porque sentou ali.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Uma história triste :(

Esta história aconteceu no início desse ano... Ainda fazia calor e eu estava com os alunos da professora Cláudia na quadra. A turma que é bastante agitada fazia, "aos trancos e barrancos", as atividades que eu propunha. Sempre havia uns dois ou três alunos que se dispersavam da brincadeira para se baterem, correrem pra outro lado, atirarem coisas um no outro, enquanto eu ia ficando com os cabelos em pé!!! Em uma dessas resolvi parar de chamar os alunos "fujões" e me dedicar a aqueles que queriam brincar. Obviamente, já pensava uma estratégia para "capturar" os resistentes na próxima aula.
Brincávamos em roda enquanto via três alunos (Rick, Leonardo e Marcelo Augusto) correrem pelo pátio, pela pracinha e se enfiarem por entre as árvores da escola. Passados cinco minutos, dois dos três alunos sentaram-se e, quietos, conversavam. Achei aquilo estranho, afinal, nada aquietava aquelas crianças.
Reuni os alunos que estavam brincando comigo e os levei para tomar água e me aproximei dos três desobedientes dizendo com firmeza:
_ Vamos pra sala!
Um dos alunos vira-se pra mim e diz.
_ Professor o Marcelo Augusto machucou um passarinho.
_ Que história é essa, guri?
_ O Marcelo Augusto, professor, atirou pedras em um passarinho que estava na árvore e machucou ele. O passarinho deve estar morto! Agora ele pegou o bicho e levou pra sala
Nesse meio tempo, os demais já estavam saindo do bebedouro. Foi então que solicitei que as crianças ficassem esperando na porta enquanto eu iria resolver coisas com o Marcelo Augusto.
Agitadas as crianças começaram a gritar do lado de fora:
_ Ow Marceloooo, tu matou o passarinho!!!!
_ Eh, que maldade!!!!
Voltei ao lado de fora, passei um "belo sabão" nas crianças e solicitei que ficassem quietas.
Entrei na sala e chamei pelo guri. Num primeiro olhar não consegui ver onde estava. Percorri com os olhos mais atentos e vi a criança agachada atrás das cortinas.
_ Marcelo Augusto, tu tá aí? Tu tá com o passarinho?
A criança começa a chorar.
_ Filho, sai de trás dessa cortina. Vamos conversar.
_ Não, não vou sair_ respondeu chorando_ eu matei um passarinho. Coitado do bicho.
Nesse momento a criança pega o passarinho na mão e coloca o corpo do bicho para fora da janela ameaçando jogá-lo.
_ Marcelo, não faz isso! Deixa o professor ver se o bicho está vivo.
Aproximei-me e tirei o bicho das mãos do aluno que agachou novamente chorando compulsivamente.
O corpo do animal ainda estava quente e o sangue escorria pelo bico. Era um pardal já adulto e que estava morto.
Neste instante, o sinal soou, indicando o término da aula. Haviam pais esperando os filhos para os levarem para casa. Coloquei o bicho em cima de um armário alto para que ninguém o visse, abri a porta e pedi para que as crianças pegassem o material rapidamente.
Marcelo Augusto permaneceu atrás da cortina enquanto as crianças iam embora...
Esvaziada a sala voltei-me para a criança.
_Marcelo, vamos?
_Não, eu matei o bicho, coitadinho... O bicho morreu, não morreu?
_Sim, filho, morreu...
O choro continuava aos soluços.
_ Que tal a gente enterrar o passarinho? _ Propus. A criança olhou pra mim meio reticente. _ É, a gente faz a cova no pátio, enterra e reza pra ele ... vamos?
Com muito custo a criança levantou-se, pegou seu material e me deu a mão enquanto eu segurava o passarinho na outra. Sugeri enterrarmos o animal atrás da sala, mas a criança indicou a pracinha, em meio aos brinquedos e às árvores. Logo relacionei aquele sendo um espaço mais bonito e, sobretudo, mais alegre. Fomos à pracinha, cavamos a terra, passei o bicho para a criança que o colocou, chorando, na cova. Enterramos e fizemos uma prece. As lágrimas voltaram mais intensas enquanto proferíamos a oração. Atento, sinalizei para as professoras que ninguém se aproximasse, a fim de não constranger a criança. Terminamos a oração e chamei o aluno para irmos, mas a criança queria permanecer ali mais alguns instantes. Atrasado para o trabalho em Novo Hamburgo, despedi-me do guri e fui até a Supervisora e à diretora que nos olhavam de longe. Contei rapidamente o que havia acontecido e pedi que não comentassem nada, como se não soubessem do acontecido. Despedi-me e fui em direção ao carro. Além da supervisora a diretora ouviu a história e sensibilizada falou.
_ Vou oferecer uns pasteis pro Marcelo Augusto.

domingo, 2 de outubro de 2011

Prova no dia 13/10 ?!?!?

Desde o dia 15/09 venho discutindo as relações de Gênero e Sexualidade em uma das disciplinas que leciono. Ao total, são aproximadamente 4 aulas. Na segunda delas, tensionamos os conceitos a partir de um artefato cultural. Nessa aula, dia 22/09, ao fazer a chamada percebi aproximadamente 40% da turma havia faltado, o que me levou a questionar os alunos.
_ Genteeee!!! Cadê o povo? Uai!? Que isso?
_ Ah, professor, acho que foram ao Show do Exaltasamba ver o Tiaguinho.
Supus de imediato que o Tiaguinho deveria ser algum ser importante naquela banda de qualidade musical questionável...
Obviamente, fiquei arrasado! Trocaram minha aula por uma banda de pagode... Apesar disso, relevei, também fiz umas dessas quando estava na graduação e em nenhuma delas foi pra ver coisa que prestasse... Enfim...
Na aula seguinte, tocamos a discussão. Tematizávamos Gênero e Sexualidade nas práticas corporais e esportivas. Obviamente, notei que alguns alunos faziam umas relações equivocadas em função de terem perdido o conteúdo da aula anterior.
Na medida em que isso acontecia retornava aos conceitos é tentava contornar a situação. Mais para o final da aula, já notava que estavam entendendo a proposta... Nesse momento, chamei a atenção para a avaliação agendada para 13/10.
_ Prova professor??!!! Ouvi de um aluno.
_ Na verdade é uma questão avaliativa que vai solicitar de vocês os entendimentos acerca do módulo II da disciplina. Envolve as duas aulas passadas e a de hoje.
_ Mas professor e quem faltou a aula na semana passada?
Quando ouvi essa pergunta. Eu juro por Deus que eu tentei resistir! Mas foi mais forte do que eu.
Olhei para a aluna e, já rindo, disse.
_ Pergunta pro Tiaguinho, ele certamente vai poder te ajudar!
#CARANAPOEIRA#
_ Ai, soooooor!!!! - Exclamou a guria.
_ Ah, não fulana, tu tá de brincadeira comigo, né? Agora, se tu tiver dúvida, vai lá perguntar pra ele!! Vai lá!! O Ti - a - gui -nho, sabe tudo que vai cair na prova!!
Nesse momento uma sensação agradável toma conta do meu peito e se instaura um sorriso de profunda satisfação!! muuuuaaaaaaahhhhhhhhh [risada malévola]

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Histórias Curtas - 6

Hoje, logo no início da aula, ao organizar as crianças para explicar as atividades, uma guria chama minha atenção. É uma aluna de inclusão que, apesar de não falar, se faz entender muito bem...
De pé, a aluna faz um gesto indicando vontade de ir ao banheiro fazer xixi...
Viro-me para ela e pergunto:
_ O que foi, meu anjo, tu quer ir ao banheiro?
Antes que a aluna pudesse acenar com a cabeça, um guri que estava atento à conversa se antecipa e diz:
_ Não, ela quer fazer aula de dança. (o guri tem 7 anos)
Viro-me para o lado onde estava o intrometido e penso: "Maaaldiiiiiiiiiiito!!!!"
Olhando de canto para a criança, meu semblante questionava "Guri, tu tá me tirando?????
O aluno sequer olhou para minha cara, mas no canto da boca havia o esboço de sorriso, reflexo de uma gargalhada interna.
Muito esperto e bem articulado, o guri sai falando outras coisas sobre outros assuntos na tentativa de desviar o foco... Na verdade minha vontade era de rir também, mas, a fim de preservar minha dignidade, me mantive bem sério.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Histórias curtas 5

Estavamos almoçando na escola, na sala dos professores, a prof. Ana, a prof. Sônia, eu e a prof. Carmens (orientadora educacional da escola). Entre uma garfada e outra, rolava umas risadas no meio de assuntos dos quais não se aproveitava muita coisa. Enquanto estávamos na sala dos professores, as crianças inscritas no "Mais Educação" (proposta de turno integral mantida pelo governo federal), brincavam no pátio. Logo é comum ouvir conversa e correria de criança no horário do almoço.
Passados alguns minutos, a professora Carmens levanta-se pra ir escovar os dentes. Continuamos na sala conversando... Passados mais uns minutos, a porta se abre. Era a professora Carmens que com uma mão na maçaneta e a outra segurando escova e pasta de dente, foi chamada por alguns alunos... havia muitas crianças conversando ao mesmo tempo, logo não ouvimos o teor da conversa... De súbido, um silêncio paira e, naquele exato momento a prof Carmens, com sua habitual serenidade, pergunta para as crianças:

_ Mas quem é que tá mostrado o pinto???

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Professora Valéria, nós te amos muito demais...

Depois de termos brincado um monte na quadra, eu e as crianças do primeiro aninho (6 anos) voltamos para a sala. Apesar de ter solicitado que ficassem mais calmos, sentados nas classes, as crianças sempre voltam da aula de Educação Física meio agitadas, ofegantes e falando alto. Nós ainda tínhamos mais uns 3 minutos antes da troca de horário e, para que as criaturas não ficassem mais agitadas, propús:

_ Turmaaaaaa, vamos fazer um cartão pra Prof Valéria no quadro? - A professora Valéria faz a "hora do conto" com as crianças e sempre recebe a turma após a minha aula.
Prontamente as crianças disseram:
_ Siiiiiiiiiiiiiiiiiim!
_Ok, então eu vou perguntar para cada grupinho o que querem que eu desenhe ou escreva, tá? O grupo que estiver mais bonito começa! - Rapidamente todas as crianças se ajeitaram nas classes e apoiaram as cabeças sobre os braços. Fiz uma cara de dúvida e escolhi um grupinho... _ O que vocês querem que eu coloque no Quadro?
_ Desenha um coração, Pro. Outro aluno disse: _ É, e desenha um carro e uma estrela.
Fiz os desenhos e as crianças adoraram. Me senti um artista! Até cachorro eu desenhei sem eles pedirem! Ficaram maravilhados com minhas habilidades... Continuando com os grupinhos, recebi outros pedidos:
_ Pro, desenha uma flor e escreve, Professora Valéria eu te amo muito. _ Olhei para a criança e disse:
_ Fulano, esse é um cartão da turma... e tu disse eu te amo... é só tu que ama a professora Valéria?
_ Nãaaaaaaaaaaaaaaao - responderam em coro.
_ Então como podemos escrever?
_ Nós, Prof. Nós!!!
_ Isso, muito bem!!! Nós o quê?
_ Nós te amos!
_ Hein????? Perguntei meio rindo.
_ Nós te amos muito demais!!! Escreve aí Prof, escreve!!!!
_ Virei-me pro quadro rindo... coitadas das crianças estão recém aprendendo a juntar as letrinhas e eu propondo que conjuguem verbo!!!!

domingo, 10 de julho de 2011

Professor, o senhor viu o desenho que eu fiz pra ti?

Estava indo com um aluno buscar alguns materiais que havia separado e deixado na sala dos professores, quando uma aluna bem querida me chama. Olho para trás e aguardo a guria aproximar-se de mim.
_ Professor, o senhor viu o desenho que eu fiz pra ti?
_ Que desenho, meu anjo?
_ Fiz um desenho pra ti, mas o senhor não pode ver na hora porque estava cuidando das crianças.
_ Mas tu me mostrou o desenho?
_ Sim.
_ Hum, não me lembro...
Até então, estava pensando que a aluna havia desenhado em seu caderninho e como estava às voltas com as crianças, não consegui dar atenção.
_ Professor, eu te dei o desenho, mas o senhor disse que ia ver depois porque tinha que cuidar da turma.
_ Tu tens certeza que me deu o desenho?
Sem responder verbalmente ela acena positivamente com a cabeça e com aquelas bochechas fofas!!!! Nesse mesmo momento, o aluno que se encaminhava comigo em busca dos materiais se pronuncia:
_ É verdade professor, eu me lembro dela te dar um papel.
Foi então que eu me senti um monstro! A guria de 7 aninhos balançava a cabeça positivamente com uns olhinhos tristes e eu tinha vontade de enfiar minha cabeça na terra!!!
Com receio de mentir e deixar estampado na minha cara, "estou mentindo", resolvi contornar a situação de outro modo.
_ Meu anjo, tu colocou nome no teu desenho?
_ Não.
_ Hum, então vou ver no meio dos desenhos que ganhei e vejo se encontro, tá?
Com uma carinha mais feliz, ela volta a brincar com as outras crianças. Viro-me de costas para aluna e quase que instintivamente começo a balbuciar lentamente e sem emitir som... "a  v  e      m  a  r  i  a".
O aluno ao meu lado, atento a tudo o que acontecia, vira-se para mim e diz...
_ hahahahaha o professor fala bem baixinho "ave maria"!!! hahahahaha
Mais que depressa, olho para baixo, e respondo ao guri com vontade de fazê-lo sumir!!!
_ Tah, guri! O que é que tu quer aqui? Encher teu professor?
_ Não, tu me pediu pra te ajudar a buscar o material.
Ave maria, novamente!!! Outro fora em menos de um minuto!!!! Mas como sou esperto dei a volta por cima...
_ Ahhhhhhh, então vamos bem caladinhos tá?
Chegando na sala dos professores, dei o material ao aluno e disse para ele seguir sem mim. Tudo que eu queria era que o guri fosse para longe pra eu me enfiar no banheiro de vergonha!!!!

Enfim, passados três dias, mexendo no meu escaninho, na sala dos professores, encontro o desenho da aluna. O sol fez-se na minha vida!! Fui até a sala da guria e a chamei para mostrar que não havia jogado fora o desenho. Agradeci, disse que ficou bem bonito e nos abraçamos demoradamente. Dirigi-me com a consciência tranquila para a próxima aula.  Senti-me muito bem por não ser um monstro insensível!!!!! hehehehehehe



quinta-feira, 7 de julho de 2011

Histórias Curtas - 4

Estava em aula com as crianças do primeiro aninho (6 anos) quando um guri sai da fila da brincadeira muito nervoso e se dirige até a mim.

_ Professor, a fulana fica toda hora pegando no meu pinto!
_ Hein?!?! - Perguntei já esboçando um sorriso.
_ É a fulana, professor, ela fica pegando no meu pinto!
Antes do aluno terminar a frase eu já estava rindo... olhei pra criatura e disse:
_ Cara, hoje tu reclama, mas daqui um tempo a história vai ser beeeeeem diferente... Mais bravo ainda, uma vez que eu dava risada da situação, o guri molestado exigia que eu fizesse algo. Virei-me pra aluna e disse:
_ Fulana, não tem que ficar encostando no coleguinha, né? Ainda mais se ele não quer!!
De costas para as crianças continuei minhas boas risadas!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Histórias Curtas - 3

Já em aula com as crianças na quadra, um guri chega esbaforido e muuuuito indignado...
_ O que foi cara? Que vermelhão é esse? Porque tá bravo?
_ Professor, foi o fulano, ele chamou a minha mãe de "vai tomar no cú"!!!!!
_Hein???
_ O fulano chamou minha mãe de "vai tomar no cú"!!


Em outro dia, em outra aula, com outra turma...


_ Professor, professor!!! Olha lá o Ítalos!!!
_ O que foi?
_ Ele me chamou de idiota!!!
_ Mas cara, tu é idiota?
_ Não!!
_ Então não te estressa... deixa que vou falar com ele.
Nesse meio tempo o Ítalos se aproxima e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, o aluno ofendido se posiciona:
_ Eu não sou idiota!!! Quer ver!!!
Nesse momento o aluno sai em disparada, correndo atrás do ofensor, ao mesmo tempo em que proferia o alfabeto, numa tentativa de legitimar sua posição de não idiota.
_ OLHA SÓOO!!! A, B, C, D, U, F, G, T, Q...

PS: Os alunos em questão estão no segundo ano e em processo de alfabetização.

domingo, 19 de junho de 2011

Vídeos História do Corpo 2011

Atualizando... abaixo estão disponíveis os links dos vídeos produzidos pelos alunos de Corporeidade do primeiro e segundo semestre de 2011.
Um abraço.

2011-02

Eugenia no Brasil

2011 - 01
A Eugenia no Brasil
 
Exame médico pré-nupcial
 
Sedentárias e Coquetes

A cada semestre a qualidade técnica melhora mais :P

terça-feira, 14 de junho de 2011

Histórias Curtas - 2

_ Professor foi o senhor que quase atropelou um cachorro perto da minha casa?
_ Ahn??? Que cachorro? Guri!
_ Não era o senhor que estava dirigindo um caminhão de gás perto a minha casa e quase matou um cachorro?
_ Caminhão de gás? Que história é essa?

Já quase em paciência o aluno retoma.

_ Professor, o senhor não trabalha dirigindo caminhão de gás?
_ Não. hehehehehehe
_ O senhor trabalha de que, então?
_ Pode ser dando aulas pras crianças?...

domingo, 29 de maio de 2011

E a minha fama de analfabeto continua...

Era uma sexta feira e toda a rede municipal de ensino de Canoas havia parado para que os professores se reunissem para estudar. Assim foi a tônica de todo aquele dia. Durante o intervalo da tarde, por volta das 15hs, uma das professoras vira-se para mim e diz:
_ André, os meus alunos, outro dia, disseram que quando crescerem serão professores de Educação Física. Eu, então, disse, muito bem, muito legal. Daí eles disseram que para ser professor de Educação Física não precisariam saber ler nem escrever.

(Os alunos em questão estão no segundo ano da educação básica, em média tem 7 anos e estão passando pelo processo de alfabetização)

Depois de rirmos um pouco a professora concluiu:
_ Mas André, eu disse pra eles que para ser professor de Educação Física tem que saber ler e escrever, mas eles retrucaram, dizendo que professor de Educação Física só dá aulas na quadra e que tu  não sabes dar aulas dentro da sala.
Rimos mais um pouco e a professora continuou:
_ E ainda sobrou pra mim. Disseram que eu só sei dar aulas dentro da sala, que eu não sei dar aulas na quadra. Eu disse que não, que o professor André sabe dar aulas dentro da sala e que, se eu quiser, posso preparar uma aula na quadra. Mas acho que eles não se convenceram muito.
Passados alguns dias entrei na sala da tal turma e resolvi tirar satisfação com os alunos que pensavam que eu era analfabeto. Onde já se viu?? Eu, praticamente um Doutor, levar fama de analfabeto!!!! Não, isso não poderia ficar barato.
Adentrei o recinto e logo perguntei!

_ Quem foi que disse pra professora Andressa que eu não sei ler nem escrever?
Ficaram calados por um tempo. Refiz a pergunta.
_ Anda gente! Quem foi que disse que professor de Educação Física não precisa saber ler, nem escrever?
_ Ahhhhh, fui eu e o Charles!!!
_ De onde vocês tiraram isso?
_ Ah professor, pra dar aula e Educação Física não precisa saber ler nem escrever. É só levar as crianças pra quadra.
_ Não tem nada disso! Respondi. E como autoridade academica que passou por 4.5 anos na faculdade, 2 anos no mestrado e, por enquanto 3, no doutorado, continuei.
_ Só pra vocês saberem, eu sei ler e escrever. _ Disse em tom de soberba.

As crianças não convictas queriam provas! Naquele momento a conversa já tinha atingido toda turma e, mesmo os mais quietos, que nunca ousariam duvidar de um professor, já estavam eriçados querendo que eu provasse minhas habilidades linguísticas. Foi então que corri os olhos pela sala para encontrar algo que pudesse ser lido. Deveria ser algo  grande e exposto a todos, para que pudessem atestar a veracidade da minha competência de leitura. Ao fundo da sala avistei um alfabeto que apresentava uma palavra iniciada com a letra correspondente.
Abaixo, eis um trecho do tal alfabeto...









Após avistar o alfabeto e totalmente pronto para minha redenção. Disse:
_ Se vocês querem que eu leia, lerei... _ E assim, o fiz!

_ Avião, Bicicleta, Cão, Dado...
Antes mesmo que chegasse na palavra "Elefante", fui interrompido com gritos e tumulto geral!!!
_ Não, não, não vale, não vale, tu tá roubando!!!!
_ O que foi?
_ Não vale professor!
Toda a turma estava de pé. Alguns em tom de acusação, outros, de riso e deboche.
_ Ah, viu só como não sabe, tu tá olhando as figuras!!!! _ Pontuou, um aluno.
Olhei para a turma meio que rindo, ao mesmo tempo em que estava preocupado, afinal, continuava analfabeto. Foi então que um aluno me entregou uma folhinha com um texto escrito por ele mesmo.
_ Lê isso aqui, professor.
Olhei para aquela folha e comecei a ler. Era um textinho que ele havia escrito em homenagem ao dia das mães. Li. Mas a letra do guri não era das melhores e acabei gaguejando. Uma das palavras, inclusive, li errado, porque não entendi a letra. Nesse momento, o guri, maldito, me corrigiu!!!!
Bom, pelo menos, não passo mais por analfabeto. Mas, na cabeça daquelas crianças, pra exímio leitor, preciso estudar muito.

PS: Na semana passada, voltei à sala para fotografar o alfabeto. As crianças olharam curiosas. Depois de sair, um dos alunos vira-se para a professora e pergunta.
_ Porque o professor estava tirando foto do alfabeto?
_ Não sei. _ Respondeu a professora.
_ Deve ser pra ele estudar em casa!!!!
EU MEREÇO!!!

domingo, 1 de maio de 2011

Um ano de Blog!!!

Então, pessoal! Preparei esse post em comemoração ao primeiro ano do Blog. A ideia é fazer um balanço geral do que foi esse período, retomar alguns posts, apontar alguns dados estatísticos que só o mediador tem acesso, assim como dizer os motivos que permitiram a manutenção desse espaço.

Com o incentivo de alguns alunos da FEEVALE o blog foi criado com a proposta de registrar e compartilhar coisas cotidianas do meu fazer profissional. Serviria também como espaço pedagógico de pertença, onde os alunos do ensino superior pudessem se reconhecer.
Atualmente o Blog possui 24 postagens e duas páginas (Início e Publicações).
O conteúdo do Blog recebeu mais de 6232 visitas e os posts campeões de visitação foram:

1 - Lea T com 2408 visitas. Creio que esse número expressivo se deu pela visibilidade que a modelo brasileira ganhou nos últimos meses. Em Janeiro de 2011 houve um grande número de acessos a este post, tornando-se o mês com maior número de visitas do blog - 2408.

2 - Noções de etiqueta com 117 acesso.

3 - Dia dos professores com 93 acessos.

Apesar desses três serem os textos mais lidos, elejo o"Pérolas dos alunos" como meu post favorito. Fica aí a dica caso ainda não tenham acessado.

Hoje, passado um ano da publicação do primeiro post, penso nas coisas que permitiram a manutenção desse espaço. Obviamente que o retorno positivo das pessoas que lêem o Blog é super significativo e serve como grande incentivo à continuidade da escrita. Isso se reflete também no grande número de acesso das páginas, digo ser grande por ser bem maior que minhas pretensões iniciais... Além disso, fui percebendo que o registro das histórias cotidianas atingem a dimensão do prazer. Assim, escrever aqui se tornou, em alguns momentos,  divertido; em outros uma necessidade gerada pela minhas indignações e posicionamentos políticos... enfim, seja qual for o motivo, me faz bem...
Assim sendo, sigo escrevendo...

Espero que esse ano que se inicia seja repleto de boas histórias pra contar...
Um abraço a todos e a todas

Soro André

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Histórias curtas 1

Estava sentado no banco, corrigindo uns textos num desses poucos horários de folga, quando uma aluna se aproxima, senta-se no meu colo e diz:
_ Professor, sabe de uma coisa? Estou gostando de um guri...
A aluna tem 10 anos.
_ Hummmm, e quem é o felizardo, Danielle?
_ O Joãozinho.
_ Até hoje!!! Desde o ano passado eu já ouvia essa história!!!
_ È, mas ele também gosta de mim.
_ Ahhh, e agora? Como vocês vão fazer? Vão namorar?
Irritada, a aluna levanta-se rapidamente do meu colo, dizendo:
_ Ai professor, como tu é infantil!!!
Saiu em direção à sala de aula sem, sequer, olhar pra trás.

sábado, 9 de abril de 2011

Pistórius e a Neo Eugenia





Nesta última semana a correria intensificou-se. Além das demandas habituais recebi um convite da Silvana (minha orientadora do doutorado) para escrevermos um texto juntos. Até onde sei, ela já estava com o artigo praticamente pronto, quando o PC quebrou. Com a corda no pescoço saiu à busca de algum texto que pudesse aproveitar para encaminhar para a publicação. Fuçando os arquivos encontrou minha proposta inicial de tese e, então, entrou em contato para trabalharmos juntos.
Topei a empreitada que tinha dez dia de prazo.
Pensei... barbada! Conheço a discussão e 10 dias é mais do que o suficiente!
A ideia era relacionarmos os processos de investimento tecnológico no corpo com os pressupostos da Eugenia (ciência gestada no século XIX que tinha por fim promover a melhoria da espécie humana). O argumento central utilizaria elementos da "cultura fitness" e do esporte de alto rendimento para dizer que, contemporaneamente, presenciamos uma Neo Eugenia.
Passados dois dias após termos fechado a proposta do texto, Silvana me liga novamente e diz:
_ André, nosso prazo foi reduzido... temos que entregar na terça!
Ou seja, dos 8 dias, perdemos 4! Então, prontamente disse:
_ Ok, se é esse o prazo, vamos encaminhar o texto com o prazo que temos.
Obviamente, que depois de desligar o telefone eu pensei... Fu...
Entre uma aula e outra mergulhei na escrita e, o que em princípio parecia ser barbada, se tornou bastante trabalhoso.
Apropriado dos elementos teóricos fui à busca de atletas que me ajudassem a pensar essa discussão. Meus alunos da turma de sábado já haviam me dado uma pista sobre um tal chinês, atleta de basquete, Yao Ming. A partir de então, cheguei a aspectos dos corpos de Michael Phelps (nadador norte americano) e Tiago Pereira (nadador brasileiro). Imerso em imagens e textos, sobre atletas espetaculares, encontrei Oscar Pistórius, atleta sul africano que teve suas pernas amputadas aos onze meses de idade. Pistórius seria perfeito! Seu corpo, suas próteses, seu desempenho esportivo era tudo o que eu precisava para amarrar a discussão.
Ler sobre sua trajetória, acessar suas imagens e assistir a seus vídeos abriu, diante de mim uma outra sensibilidade que, infelizmente, o formato de texto exigido para publicação não conseguiria alcançar.
Meu desejo no momento de escrita era possibilitar aos leitores assistirem a vídeos, verem imagens, analisarem os formatos de suas próteses... mas a tinta impressa no papel não me permitiria isso...
Neste sentido, resolvi construir este post, e utilizar os recursos que blog me disponibiliza para tentar dimensionar imagem de Oscar Pistórius.



"Assim é Oscar Pistorius, atleta paraolímpico que aos onze meses de idade teve suas pernas amputadas. Seu corpo, então, tornou-se alvo de investimentos e, na articulação entre várias áreas do saber, deu origem a um ser híbrido de carne e fibras de carbono. Aos moldes da Eugenia do século XIX, o atleta sul africano jamais se tornaria um emblema de “Homem puro-sangue”, sobretudo porque nasceu marcado por uma má formação congênita. Entretanto, sob os imperativos da neo Eugenia, sua mazela foi extirpada e sua “deficiência” suplantada pela tecnociência. Pistorius, neste texto é o emblema da neo Eugenia ao potencializar seu corpo para além de suas condições “puramente” humanas."
(...)
"Nas práticas neo eugênicas da contemporaneidade, o corpo de Pistorius que, aos onze meses de idade, vislumbrava a quase imobilidade, potencializa-se, acopla dispositivos tecnológicos e emancipa-se para uma condição híbrida. Aos nossos olhos, é o emblema do processo de melhoria da espécie." (Goellner e Silva - no prelo)




quinta-feira, 31 de março de 2011

Barriga de tanquinho

      O sino havia acabado de soar e eu já estava na porta para a troca de horário com a professora da "Hora do Conto". Entrei na sala quando as crianças se acalmaram e disse:
_ Boa tarde!
_ Boa tarde - responderam em coro.
      Sem maiores delongas passei a explicar como ia acontecer a aula. Peguei um giz e fui para o quadro.
      Naquele dia eu tinha colocado uma camisa que as crianças não conheciam bem e logo ouvi alguns comentários. Na verdade, não gosto muito daquela camisa, me faz sentir calor, então prefiro não usar. Na falta de outra roupa limpa no roupeiro, peguei aquela mesmo.
      Enfim, percebi o estranhamento das crianças, mas não dei atenção, segui com os apontamentos no quadro.
       De súbito, quando havia acabado de me virar para a turma, um aluno disse:
_ Bahhh, professor, tu tá tanquinho, ein!!!
      Como o comentário me favorecia, não repreendi, segui a aula com uma leve sensação de satisfação.
      Explicadas as atividades, organizei as crianças e fomos para a quadra. Peguei os materiais, organizei os grupos e a aula seguia normalmente. Mais tarde, quando olhava atendo para a atividade desenvolvida por um grupo de gurias, o mesmo aluno que se referiu a mim como "barriga de tanquinho" se aproximou sorrateiro...
      Senti minha camisa subir. Olhei para baixo e o guri havia levantado minha roupa até o meio da barriga. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele se pronunciou...
_ BÂÂÂÂÂÂÂÂÂÂHHHHHHH, professor, tu NÃO tá tanquinho...
Sem pestanejar respondi!!!
_ Ahhhh, guriiiii, tu não tem nada pra fazer, não? Vai brincar!

quinta-feira, 17 de março de 2011

De volta ao trabalho...

Logo após o Carnaval voltei efetivamente ao trabalho... as aulas no ensino superior já haviam começado desde fins de Fevereiro, mas as primeiras aulas são mais tranquilas e não exigem tanto do professor. Além disso,  na educação básica, apesar de também já estar na escola desde fins de Fevereiro, na primeira semana de aula não estive de fato em aulas com as crianças. A coordenação pedagógica entende que é positivo, nos primeiros dias, as crianças passarem mais tempo as professoras regentes de turma, criando assim maior identificação.

 Assim sendo, passado o Carnaval "voltei" às aulas...
Quarta à tarde estivemos em reunião pedagógica na escola, depois fui para Novo Hamburgo substituir uma professora na Faculdade. Na quinta à tarde tive minhas primeiras aulas com as crianças e logo após, segui para Novo Hamburgo para novamente substituir a professora. Sexta feira, aula com as crianças à tarde e logo após, Novo Hamburgo. Após o término da aula, voltei, como de costume, para Porto Alegre, pegando mais uma hora de trânsito. Cheguei podre, cansado e com dor de cabeça... Comi algo e apaguei.

Acordei no outro dia,  meio retardado e às 8hs da madrugada estava me dirigindo para escola... foi sábado letivo e passei com as crianças e professores toda manhã. Da escola, novamente fui pra Novo Hamburgo, orientei uma aluna as 13hs (mas me atrasei) e as 14hs estava novamente em aula.
Tudo corria bem, dei a primeira metade da aula na boa (digo, na técnica) e logo passamos para o segundo tema... passei um fragmento de um filme.
Sentado junto aos alunos assistindo ao filme, dei umas duas pescadas com os olhos abertos.
Terminado o trecho,  partimos para a  discussão. A aula teria mais 15 ou 20 min, no máximo. Dirigi-me aos alunos e perguntei:

_ E ai, meus amores, digam pra mim o que é possível pensar a partir deste fragmento de filme? Que corpos habitavam a Idade Média?
Os alunos disseram coisas e fui tomando nota no quadro. Após as falas dos alunos passei a amarrá-las com o conteúdo a ser socializado. Foi então que a coisa começou a ficar feia...

"Mal e porcamente" respondi aos apontamentos de um aluno, depois, ao entrar nas especificidades do conteúdo, fui vendo a aula se perder...
Genteeeeeeeeeeeeeee eu esquecia tudoooooooooooo!!! Eu não me lembrava o nome do regime político, da ordem religiosa e outras tantas especificidades daquele período histórico. E para aqueles que tem dúvida, SIM!!!! EU PREPAREI A AULA COMO SEMPRE FAÇO!!!!

Em meio a um branco e outro os alunos me lembravam das coisas. A cada auxilio eu respondia, obrigado meu filho e ria... Foi então que mais um branco me ocorreu. Parei a aula. Olhei para aquelas carinhas ávidas por saber e fiz uma pausa dramática.

Eu estava no meio de uma frase, no meio de uma assunto... os alunos estavam atentos... A pausa terminou quando disse:

Meus amores, um abraço pra vocês, a gente se vê no sábado que vem...
Silêncio na sala por um instante.

_ Mas o que é isso professor, o que foi?
_ Gurizada, não tá rolando a aula... semana que vem retomamos o assunto e em 15 min matamos o conteúdo,  ok? Beijos e até sábado.

Caminhei em direção a minha mesa meio que rindo, porque chorar não era cabível naquela situação. Alguns alunos já saiam porta afora, outros ainda atônitos, olhavam para mim sem acreditar direito no que estavam presenciando...

Ao sair da sala, fechei a porta, me despedi das criaturas que ainda estavam por ali, virei meu rosto para a esquerda e em minha direção caminhava um outro aluno... impulsivamente disse:

_ Ihhhh, agora aquele guri, ainda vai ter orientação de TCC comigo... coitado!!!
Saí de Novo Hamburgo às 17:37.

Para o próximo sábado vou me puxar pra ver se consigo me redimir.

domingo, 6 de março de 2011

Eu não quero voltar sozinho...

Há alguns dias um amigo me mandou esse este link... Assisti ao curta e me encantei com a sensibilidade da história. Fiquei muito feliz e sensibilizado com a narrativa que, dentre outras coisas, serve para nos fazer (re)pensar concepções de corpo, gênero e sexualidade...
Assistam, é lindo!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Professor, o senhor sabe ler?

Em comemoração ao reinício das aulas - amanhã temos reunião de professores para acertarmos os detalhes das aulas (Educação Básica) que começam na segunda dia 28-o2 - preparo este post relembrando uma das últimas historinhas do ano passado.

Já estávamos no mês de dezembro, em um horário em que eu estava sem aula, quando aproveitei para adiantar a correção de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Sentei-me no banco da quadra com o texto e uma caneta quando um aluninho sentou-se ao meu lado. Ele chama-se Juca e recém tinha feito 7 aninhos. O Juca é um fofo, é uma das menores crianças da sua classe e é muuuuito afetivo.
Então, Juca sentou-se ao meu lado no banco e de repente ja havia apoiado as costas em mim. Aproveitei e passei o braço por ele...
Como eu estava lendo e ele se alfabetizando, perguntei:
_ Juca, tu já sabe ler?
_Algumas coisas, ele respondeu.
Peguei a caneta e passei a sublinhar algumas palavras, pedindo que lesse para mim. Ele já sabia ler um monte de coisas, só tinha dificuldades com as palavras maiores...
Passados alguns segundos, o aluno vira-se para mim e pergunta:
_ Professor, o senhor sabe ler?
_ Sim! Respondi! Quer ver?
Nesse momento passei a ler um parágrafo inteiro do meio do TCC da aluna da faculdade... o guri ficou olhando, meio impressionado. Num súbito ataque de desdém, o aluno disse...
_ Hummm! O senhor não sabe ler nem Beyoncé!
Para reestabelecer a hierarquia professor-aluno, respondi prontamente:
_ Sei ler e sei até escrever...
_ Duvido! Dizia o aluno incrédulo.
 _Quer ver? Vou soletrar pra ti.
Os olhos do aluno se iluminaram, mas se manteve quieto à espera do prometido.
Passei então a dizer as letras:
_ B; E; I; O; N; C; E, e o último É tem um acento agudo. Viu só como eu sei...
Uma pausa se instaurou em meio ao diálogo...
_ Mas professor, não tem um Y?
_ Ih...  é mesmo, meu filho, esqueci...
_ Viu só como tu não sabe ler...    :-s

Bom recomeço de aula a todos nós...

sábado, 8 de janeiro de 2011

Professor Homenageado - Atualizado.






A formatura acontece em 05 de fevereiro e esta é a primeira homenagem que eu recebo.  Um beijo grande aos meus alunos... Obrigado pelo carinho!

Atualizando... fotos da formatura.