quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lea T





Nascida no Brasil, Lea T tem 28 anos, é modelo, frequentou à Escola de Artes em Florença, à Faculdade de Veterinária em Milão e é assistente pessoal de Riccardo Tisci, importante nome da grife francesa Givenchi. O corpo de Lea apresenta a coleção Givenchi outono/inverno 2010-2011 e encerra o conceito de trânsito entre as referências masculinas e femininas no disign de suas roupas.

Na edição de agosto, Lea ganhou uma página inteira na revista Vogue francesa, expondo seu corpo. Com os longos cabelos soltos, sutilmente Lea cobre os seios com uma das mãos enquanto a outra deixa à mostra parte de sua genitália.  Lea T é um transsexual e sua anatomia causa estranhamento. Sua beleza fascina ao mesmo tempo em que seu corpo desacomoda o olhar...

Talvez não fomos educados a contemplar a diversidade... acho mesmo que não. No meu fazer docente, percebo um profundo incômodo quando as categorias Homem e Mulher, masculino e feminino não nos servem para classificar as pessoas. A partir disso, outras surgem: Travesti, Transsexual, Drag Queen, etc. A grande questão que se coloca mediante a isso é que, geralmente, vemos os usos dessas categorias associados ao demérito, ao preconceito, à discriminação. A diversidade de corpos, de constituições de gênero, de sexualidade, de etnia, cor, etc, operam como marcadores a hierarquizar os sujeitos. Para mim, é inconcebível as prerrogativas dos corpos brancos, heterossexuais, das masculinidades e feminilidades hegemônicas.

Enfim, depois de toda essa conversa, acho mesmo que deveríamos refletir sobre o sofrimento causado pelas discriminações e preconceitos, pelas piadas e palavras impensadas...

Por fim, desejo muito sucesso à Lea e que seu corpo, sua beleza e diversidade nos ensine a conceber a diferença e a reconhecer nela os méritos que lhes são próprios...








2 comentários:

  1. Como sempre André, tens uma capacidade de síntese e escrita maravilhosa, consegues em poucas linhas expor algo tão bem que dá pra sentir o peso das tuas idéias nos fazendo refletir!!! Gostei muito do post, bom pra pensar o que dizemos e fazemos com as pessoas do alto dos nossos pré-conceitos.

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  2. amado professor!
    ótimo o q escrevestes!
    Concordo contigo..não entendo pq precisamos tanto rotular as pessoas..pq?...a gente sente uma necessidade imensa de, não sei palavra usar, mas de dar nome a algo, de classificar, de ter certeza...

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