quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Prof, quantos anos tu tens?"

Hoje pela manhã, acordei, tomei banho e me dirigi ao local de prática de estágio acadêmico. Tenho dois alunos sobre a minha supervisão que atuam em uma política pública de Lazer no município de Ivoti. Lá eles dão aulas para três turmas de aproximadamente 10 - 12 crianças. Particularmente eu adoro estar na supervisão de estágio. As crianças não são minhas alunas e quem tem que planejar e dar conta dos "problemas" das aulas são os supervisionandos... eu só dou "pitaco" e fico brincando com as crianças... é super legal!
Então, hoje estava junto com as crianças, quando uma outra professora (que também é minha aluna no curso de Ed. Física) apareceu e começou a brincar conosco. Brincadeira vai, brincadeira vem, uma criança vira-se pra mim e pergunta:
_ Professor, quantos anos tu tens?
Olhando para o guri, respondi  com outra pergunta.
_ Quantos anos tu achas que eu tenho?
_ Hummm, VINTE!!!!
Mais que depressa mostrei meu dedo polegar em sinal de "jóia" e estampei um baita sorriso no rosto, afinal, dos 20 anos, já passei há algum tempo...
_ Acertei??? - Perguntou o aluno.
_ 20 anos, pra mim, está ótimo...
_ E a senhora, professora, quantos anos tu tens?
Adotando a mesma estratégia, a aluna respondeu:
_ Quantos anos tu achas que eu tenho? (deve beirar os 25 anos)
_ Hum.... CINQUENTA!!!
Nesse momento já comecei a rir... A aluna olhou pra mim com um pequeno sorriso no rosto e disse:
_ Eliandro, tu tem avó?
_ Sim.
_ Então, pensa na tua avó. Ela deve ter 50 anos...
_ Hummmm... - Respondeu a criança.
_ Entendeu agora o que é ter 50 anos?
_ Sim.
_ Agora pensa na tua avó e olha pra cara da prof...  Quantos anos tu achas que eu tenho?
Nesse momento olhei atentamente para a criança. O rosto de Eliandro havia se iluminado em uma feição de descoberta e entendimento. Ele estava ansioso para dar a resposta depois das explicações da professora...
_ E então, quantos anos tu acha que a prof tem?
_ Eu sei, eu sei... SESSENTA!!!!
Sem conseguir ficar parado na cadeira, levantei-me às gargalhadas... Eu olhava pra cara da aluna e ria mais ainda de suas feições de desapontamento. Coitada, ela ficou completamente frustrada ao mesmo tempo em que ria da  espontaneidade da criança.

Mais tarde ele atribuiu idade a todos os profes... eu saí completamente feliz da supervisão de estágio. Ao final da manhã eu era o prof mais jovem de todos hahahahahahaha. Adoro o Eliandro...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lea T





Nascida no Brasil, Lea T tem 28 anos, é modelo, frequentou à Escola de Artes em Florença, à Faculdade de Veterinária em Milão e é assistente pessoal de Riccardo Tisci, importante nome da grife francesa Givenchi. O corpo de Lea apresenta a coleção Givenchi outono/inverno 2010-2011 e encerra o conceito de trânsito entre as referências masculinas e femininas no disign de suas roupas.

Na edição de agosto, Lea ganhou uma página inteira na revista Vogue francesa, expondo seu corpo. Com os longos cabelos soltos, sutilmente Lea cobre os seios com uma das mãos enquanto a outra deixa à mostra parte de sua genitália.  Lea T é um transsexual e sua anatomia causa estranhamento. Sua beleza fascina ao mesmo tempo em que seu corpo desacomoda o olhar...

Talvez não fomos educados a contemplar a diversidade... acho mesmo que não. No meu fazer docente, percebo um profundo incômodo quando as categorias Homem e Mulher, masculino e feminino não nos servem para classificar as pessoas. A partir disso, outras surgem: Travesti, Transsexual, Drag Queen, etc. A grande questão que se coloca mediante a isso é que, geralmente, vemos os usos dessas categorias associados ao demérito, ao preconceito, à discriminação. A diversidade de corpos, de constituições de gênero, de sexualidade, de etnia, cor, etc, operam como marcadores a hierarquizar os sujeitos. Para mim, é inconcebível as prerrogativas dos corpos brancos, heterossexuais, das masculinidades e feminilidades hegemônicas.

Enfim, depois de toda essa conversa, acho mesmo que deveríamos refletir sobre o sofrimento causado pelas discriminações e preconceitos, pelas piadas e palavras impensadas...

Por fim, desejo muito sucesso à Lea e que seu corpo, sua beleza e diversidade nos ensine a conceber a diferença e a reconhecer nela os méritos que lhes são próprios...








quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Noções de etiqueta

Há poucos dias estava no telefone falando com um amigo, mestrando em um Programa de Pós Graduação da UFRGS... conversa vai, conversa vem, o guri me falou de um e-mail que havia recebido de seu orientador. Pela descrição rápida que recebi por telefone, o e-mail era um tanto macabro pois carregava, ao longo do texto, a palavra DES-LI-GA-MEN-TO. Achei aquilo assustador. Enfim, procurei entender o que estava havendo e ouvi algumas críticas ao orientador... Neste momento, eu, professor e também orientador (por enquanto só oriento TCCs), ouvi os mesmos queixumes que fazem todos os orientandos do mundo. Sim. Porque orientando que é orientando sempre vai chorar as pitangas para os outros em vez de resolver os problemas com o orientador... mas enfim. O que quero dizer é que não deu pra ouvir aquela lamúria sem me colocar no lugar daquele orientador prestes a desligar o guri... Assim sendo, a partir daquele telefonema, resolvi escrever este post para lançar algumas noções de etiqueta no trato com o orientador.
Antes, entretanto, de acessar o que é de bom tom na relação orientando-orientador, responda ao questionário abaixo e verifique se você sabe o que está fazendo (TCC, monografia, dissertação, tese etc) ou se é um completo "sem noção".

Teste de noção para orientandos...
Se você for um orientando de algumas das modalidades acima descritas, responda o questionário.

1) Quem é o autor do trabalho?
2) Quem vai receber o título?
3) Quem precisa terminar a pesquisa?

Se respondeu "EU"  a todas, você sabe o que está fazendo e já é um bom passo em direção ao sucesso...
Se respondeu Nós a uma das questões, está faltando bom senso... reflita!!!
Se respondeu Nós para duas ou para as três questões, vc é um completo "Sem noção"!!!

Enfim, agora que já é capaz de reconhecer o grau de "consciência" que possui com relação ao SEU trabalho, vamos conversar sobre algumas atitudes que podem auxiliar no processo de tecitura da pesquisa. Pois bem, o que tenho notado das pessoas que se enveredam na produção de textos monográficos é que há um grande desperdício de tempo e de energia reclamando do orientador, dos textos que ele deixou de ler, dos e-mails que ele deixou de responder, bla, bla, bla... quando dois ou mais orientandos se reúnem então.... sai de baixo... até quem não nada para reclamar inventa pra não ficar sem assunto... O que acaba acontecendo, às vezes, é que muita gente tem "vivido demais a tese", sofrendo demais com o processo e se esquecendo de construir o texto... Sinceramente, acho até legal essas angústias causadas pelo processo de "criação", mas também é igualmente, ou mais satisfatório, sair dela. Assim sendo, preste atenção nos passos a seguir para que possa construir uma boa experiência de pesquisa...

1 - Assuma a autoria do texto.
2 - Gaste menos energia reclamando e empregue-a na leitura de mais artigos.
3 - Antes de solicitar auxílio do orientador para resolução de um problema, reflita "será que não sou capaz de resolver isso sozinho"?
4 - Revise o texto com calma antes de mandar para o orientador.
5 - Mesmo que a parte do texto em que está trabalhando não esteja acabada, esboce o caminho que quer seguir (Ninguém merece uma série de parágrafos em sequência que não estão articulados, que possuem ideias soltas)
6 - Faça o que teu orientador te pedir para fazer, e se possível, faça mais...
7- Você só tem 1 (UM) orientador e mesmo que tenha um co-orientador, mantenha cautela...
8- Mande e-mails periódicos dizendo o que está fazendo (Por favor e-mails curtos e sem perguntas do tipo: "qual o tamanho de fonte devo usar?"

Enfim, seguindo esses passos você será um grande candidato a acadêmico de sucesso...
Dito isso, despeço-me.

PS: Esse post será leitura obrigatória a todos os meus orientandos e espero, do fundo do coração que as demandas consumam minha orientadora impossibilitando-a de ler o que está escrito aqui hehehe