quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Noções de etiqueta

Há poucos dias estava no telefone falando com um amigo, mestrando em um Programa de Pós Graduação da UFRGS... conversa vai, conversa vem, o guri me falou de um e-mail que havia recebido de seu orientador. Pela descrição rápida que recebi por telefone, o e-mail era um tanto macabro pois carregava, ao longo do texto, a palavra DES-LI-GA-MEN-TO. Achei aquilo assustador. Enfim, procurei entender o que estava havendo e ouvi algumas críticas ao orientador... Neste momento, eu, professor e também orientador (por enquanto só oriento TCCs), ouvi os mesmos queixumes que fazem todos os orientandos do mundo. Sim. Porque orientando que é orientando sempre vai chorar as pitangas para os outros em vez de resolver os problemas com o orientador... mas enfim. O que quero dizer é que não deu pra ouvir aquela lamúria sem me colocar no lugar daquele orientador prestes a desligar o guri... Assim sendo, a partir daquele telefonema, resolvi escrever este post para lançar algumas noções de etiqueta no trato com o orientador.
Antes, entretanto, de acessar o que é de bom tom na relação orientando-orientador, responda ao questionário abaixo e verifique se você sabe o que está fazendo (TCC, monografia, dissertação, tese etc) ou se é um completo "sem noção".

Teste de noção para orientandos...
Se você for um orientando de algumas das modalidades acima descritas, responda o questionário.

1) Quem é o autor do trabalho?
2) Quem vai receber o título?
3) Quem precisa terminar a pesquisa?

Se respondeu "EU"  a todas, você sabe o que está fazendo e já é um bom passo em direção ao sucesso...
Se respondeu Nós a uma das questões, está faltando bom senso... reflita!!!
Se respondeu Nós para duas ou para as três questões, vc é um completo "Sem noção"!!!

Enfim, agora que já é capaz de reconhecer o grau de "consciência" que possui com relação ao SEU trabalho, vamos conversar sobre algumas atitudes que podem auxiliar no processo de tecitura da pesquisa. Pois bem, o que tenho notado das pessoas que se enveredam na produção de textos monográficos é que há um grande desperdício de tempo e de energia reclamando do orientador, dos textos que ele deixou de ler, dos e-mails que ele deixou de responder, bla, bla, bla... quando dois ou mais orientandos se reúnem então.... sai de baixo... até quem não nada para reclamar inventa pra não ficar sem assunto... O que acaba acontecendo, às vezes, é que muita gente tem "vivido demais a tese", sofrendo demais com o processo e se esquecendo de construir o texto... Sinceramente, acho até legal essas angústias causadas pelo processo de "criação", mas também é igualmente, ou mais satisfatório, sair dela. Assim sendo, preste atenção nos passos a seguir para que possa construir uma boa experiência de pesquisa...

1 - Assuma a autoria do texto.
2 - Gaste menos energia reclamando e empregue-a na leitura de mais artigos.
3 - Antes de solicitar auxílio do orientador para resolução de um problema, reflita "será que não sou capaz de resolver isso sozinho"?
4 - Revise o texto com calma antes de mandar para o orientador.
5 - Mesmo que a parte do texto em que está trabalhando não esteja acabada, esboce o caminho que quer seguir (Ninguém merece uma série de parágrafos em sequência que não estão articulados, que possuem ideias soltas)
6 - Faça o que teu orientador te pedir para fazer, e se possível, faça mais...
7- Você só tem 1 (UM) orientador e mesmo que tenha um co-orientador, mantenha cautela...
8- Mande e-mails periódicos dizendo o que está fazendo (Por favor e-mails curtos e sem perguntas do tipo: "qual o tamanho de fonte devo usar?"

Enfim, seguindo esses passos você será um grande candidato a acadêmico de sucesso...
Dito isso, despeço-me.

PS: Esse post será leitura obrigatória a todos os meus orientandos e espero, do fundo do coração que as demandas consumam minha orientadora impossibilitando-a de ler o que está escrito aqui hehehe

4 comentários:

  1. Falou e disse professor! Os que estão nos cursos de formação são futuros profissionais e devem assumir a responsabilidade de estudantes que são. Mestrandos e doutorandos devem ter consciência antes mesmo da seleção que realizam do dever que possuem de pesquisar e produzir para a sociedade. Ainda mais se recebem bolsas do governo para este fim.
    Disse-me meu orientador que choro, grito e crítica são comportamentos manipuladores, então nos resta assumir o compromisso de estudar e buscar o conhecimento, sendo que este nos torna autônomos e nos leva a liberdade. Parabéns pelas sábias palavras ...você está iluminado!

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  2. Só você para escrever um comentáro com tamanho valor. E realmente, quando fazia parte do grupo de orientandos, pude ver poucos prestigiando ou até mesmo agradecendo o apoio do orientador... Para muitos "sem noção" era uma obrigação o orientador entregar tudo "mastigadinho", ter todo tempo disponível para ele. E depois se a nota final não era satisfatória, novamente a culpa era do orientador.
    Está na hora desses "sem noção" refletir a respeito e assumir o papel principal e não coadjuvante!
    Bjão Sor!

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  3. Professor André, estou visitando seu Blog. Gostei muito dele e em especial sobre a postagem refente ao comportamento dos orientandos. Eu particularmente sou muito grata a minha orientadora de TCC. A Profª Drª Luciane Corte Real ela é maravilhosa e tem me ajudado muito na produção de meu Trabalho de Conclusão, faço Pedagogia EAD na UFRGS.
    Acredito que muitas vezes é preciso dizer algumas verdades ao alunos, independente da idade que estes tenham. Todos são alunos e, ainda bem, poucos precisam de uma chamada destas que descreves tão bem.
    Parabéns pelo Blog.
    Meu email para contato é:cristina.siqueira18@yahoo.com.br.
    O email do blog, quase não uso.
    Fiz a formação sábado passado "Corpo e Expressão", foi maravilhosa, vou agora acessar as sugestões dadas no site.
    Um grande abraço.
    Cristina de Siqueira da Silva.

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  4. Que falcatruas as colegas comentaristas acima!!!
    Duviiido que os orientadores delas não tenham as deixado esperando aflitas por 20 e-mails não respondidos!
    Orientador não é um ser fácil, nããão!
    Tem que ter muita diplomacia, cautela e principalmente TEMPO para dar conta das demandas... Depois passa, a gente morre de saudade dos empurrõezinhos de cada orientação!

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