domingo, 23 de maio de 2010

Chloe

Estava em casa num fim de domingo, meio com fome, querendo ver gente e ser visto. Bom, pensei: vou ao cinema. A escolha não foi pelo título, nem pela sinopse, foi pelo horário. 22:15 era a única sessão viável, as anteriores já havia perdido e as outras tantas, após, terminariam muito tarde. Logo, "O preço da traição" foi a filme escolhido. Com título original, Chloe, o filme traz Julian Moore e Amanda Seyfried no elenco, o que, logo nas primeiras cenas, me deixou bastante feliz (não sabia que era com elas hehehe). Sentado na poltrona e comendo uma bobagem, deixei-me capturar e, ao longo da narrativa, me via maravilhado com a beleza, sensibilidade e complexidade atribuídas aos corpos e às sexualidades presentes naquele filme. Ainda tocado pela história, não creio que devo falar de modo mais detido sobre ela... nem mesmo, sinto-me autorizado a isso...
Se me permitem... assistam.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Publicações...

People, construí uma página onde coloco links e informações dos meus textos acadêmicos... Entretanto, pelo layout do blog, o acesso ficou meio apagadinho... por isso, estou fazendo este post para indicar que no canto superior esquerdo desta página há um atalho justamente chamado, "Publicações..."
Um abraço

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Johnny Weir - O Patinador Poker Face

Após apresentação de Johnny Weir (http://www.youtube.com/watch?v=0B1254JPmMk) nas olimpíadas de inverno de 2010, comentaristas da emissora RDS fizeram menção de repúdio à apresentação do patinador. Johnny Weir feria o esporte e levava má fama para os outros concorrentes ao eleger música e coreografia, que, segundo eles, eram altamente marcadas de feminilidade. Johnny Weir deveria fazer um teste de sexualidade e, quem sabe, ir competir com as mulheres...

Esse acontecimento tornou-se o eixo de uma das avaliações de uma dada disciplina que leciono... O post que se segue foi organizado por mim, carregando os posionamentos construídos pelos meus alunos.

"Johnny Weir fez uma apresentação (...) que mexeu com a mesmice dos anos anteriores, quando músicas clássicas predominavam e, com isso, foi taxado de homossexual. Entretanto, em nenhum momento da apresentação Weir afirmou sua sexualidade, apenas colocou em prática uma coreografia que não era de costume para a patinação artísitica masculina" (Belloto e Druzian). "Culturalmente os corpos são representados dentro de uma dada perpectiva de masculinidade ligada à força e virilidade e a feminilidade ligada à delicadeza, maternidade e leveza." (Ávila e Amaral). Assim, quando (...) Weir, patinador homem quebrou a "regra social" (...) vimos o estranhamento se materializar nos comentários da emissora de TV. Ao nos deparar com situações como essas pensamos em duas possibilidaddes...

1) Os atributos de graça, leveza e sensualidade trazidas por Weir não devem ser pensados em uma relação direta com sua sexualidade. Desse modo estariamos, erroneamente, essencializando a feminilidade e a masculinidade, fechando espaços para outros modos de ser homem e mulher... Desse modo aponto que as feminilidades e as masculinidades são múltiplas, mutáveis, mutantes, não contingentes... o plural se manifesta nos inúmeros modos de ser homem e ser mulher... Entretanto, o que impera é um olhar obtuso que liga graça,  leveza e sensualidade exclusivamente à feminilidade e que, quando é exercida por um homem, sua sexualidade é logo posta em suspeição. Aos comentaristas da emissora de TV, eu diria, vão estudar mais um pouquinho...

2) "Independende da orientação sexual (o patinador abertamente se posiciona como gay), Weir é profissional de um esporte que tem, acima de tudo, um apelo estético com traços de suavidade, leveza, elegância (...) Com todos esses aspectos, a patinação artística é uma modalidade que exige sensualidade..." (Heinen e Attolini). "Weir utilizou seu corpo de forma expressiva demonstrando na coreografia um sensualismo sem pudor.  Ademais a sexulaidade de Weir não estava em questão naquele momento". "Independente de sua sexualidade o patinador se preparou muito para o evento," constituindo-se como o 13º do ranking mundial  (Costa e Garcia). Os apectos discutidos pelos comentaristas deveriam ser de ordem técnica, preocupando-se com a execução das exigências da modalidade e coisas afins...
"Pensamos ainda que Jonnhy Weir não feriu o esporte por ser homossexual, como indicam os comentáristas da TV, pelo contrário, agregou valor a este com seu talento excepcional" (Bishoff e Stroher).

Os trechos em itálico e entre aspas foram extraídos das construções textuais dos alunos. Os demais são meus... Opto por construir esse post a partir de trechos dos acadêmicos, uma vez que temo pela agressividade em mim suscitada diante cometários tão medíocres. Acho que os alunos souberam dosar melhor a indignação...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Eu sei sor, o lixo tem bactérias..."

Hoje, em função da chuva, estava trabalhando com uma turma de alunos dentro da sala, conversando e fazendo atividades ali mesmo. Para evitar tumultos, enquanto os alunos não estavam fazendo a atividade, pedi para que permanecessem sentados em seus lugares. Habitualmente, eles se sentam em grupos em uma grande mesa redonda, cujo centro sustenta um baldinho de lixo.
A aula corria bem, quando uma aluninha chamou...
 _ Professor, o Fulano está comendo o trabalhinho dele!!!
Eram folhas de papel pardo do tamanho de uma A4. O aluno segurava cada uma, em uma das mãos, o papel estava amassado e presos fortemente pelos dedos e punho cerrado... A criança levava cada uma das folhas à boca, e as rasgava com os dentes... Como se não fosse o suficiente ainda mastigava, com a boca aberta aquele papel já molhado de saliva.
Vendo aquela cena inusitada, pensei... O aluno só quer tumultuar, logo, provavelmente, vai parar... Ledo engano... ele comia e comia o trabalhinho, chegando até a engolir o papel.
Fiquei preocupado e fui até la.
_ Fu-laaaa-no (porque se não separar o nome das crianças em sílabas, a advertencia não sute efeito), o que é isso? Que nojooooo. Cospe isso no baldinho de lixo, guri!
Olhando para mim, o guri nada fez. Repreendi novamente retirando de suas mãos o papel que ainda restava. Logo pôs-se a cospir papel e saliva, como se quisesse limpar a boca... Mais aliviado, falei:
_ Muito bem, meu filho...
De súbito, o guri enfiou as mãosinhas na lixeira e pegou todo o lixo possível, metendo de uma só vez na boca, emitindo sons com o mastigar de boca aberta.
De onde estava foi possível avistar: pontas e cascas de lápis, pedaços de papel, embrulho de bala e até um pedaço de papel higienico.
Olhando aquela cena não acreditei no que acontecia... a boca do aluno estava cheia de lixo, emitindo sons animalescos, balançando a cabeça com vigor, enquanto eu dizia:
 _ Fu-laaaa-no, cospe isso, guri, cospe isso, tu tá ficando doido? Tu tá doido, meu filho!!!!
E eu chegava com a lixeira perto dele e dizia: cospe, cospe logo, guri... que nojo... As crianças faziam mensão de asco... a mim, não cabia fazer mais nada... Diante daquela cena surreal, comecei a rir...
Mais tarde, voltando pra casa, as lembranças me tiraram lágrimas dos olhos e dores nos maxialilares... não conseguia parar de gargalhar.



PS: O aluno cuspiu o lixo e de modo reservado conversei com ele sobre os perigos da sujeira do lixo. Ao que disse o aluno? "Eu sei sor... no lixo tem bactérias..." A criança tem seis anos.

Vídeos História do corpo 2010-01 e 02

Uma das disciplinas que leciono, no ensino superiro, discute o corpo na perspectiva histórica e cultural. Um dos módulos dessa disciplina diz respeito à História do corpo e, há alguns semestres, tenho adotado como prática avaliativa a produção de um vídeo. Abaixo posto alguns links das super produções dos alunos...
Um abraço.

sábado, 1 de maio de 2010

Avenida Q

Acabei de chegar do teatro e, no caminho para casa estava ansioso para chegar logo e postar algo sobre a peça, ou melhor, postar algo que a peça me fez pensar... Avenida Q é um musical adaptado da Broadway que, apesar de ser protagonizado por bonecos, dirige-se ao público adulto. Com cenários bem cuidados e atores surpreendentes, Avenida Q colocou-se, nos primeiros minutos, para mim, altamente cativante e carismática. Animados por vozes e expressões incríveis, os bonecos foram se criando na história e, em alguns momentos, pareciam ter vida própria... Entretanto, o carisma dos primeiros minutos tornaram-se estranhamento quando delicados assuntos como raça, etnia e sexualidade foram "cutucados". Permanecer sentado naquela poltrona significou ver o estranhamento tornar-se resistência e ,a resistência tomar proporções do quase insuportável ao ouvir falas como "mulher pode ser gorda, pode até ser feia, mas nunca pode ter as duas coisas juntas"; "desculpem-me por ter sido um vizinho difícil, mas é porque eu sou gay" ou ainda, frases perversas destinadas a negros. Obviamente que em meio aos bonecos e ao tom "bem humorado" da peça, tudo isso não deveria passar de uma grande brincadeira. Talvez, esse seja o grande motivo da adaptação - satirizar delicados temas sociais. Enfim, ao meu olhar, o modo como a sátira foi se constituindo não passou de um superficialismo baseado no senso comum... uma peça recheada de clichês que ignora a densidade de temas tão delicados. Bom, acho que fui meio duro... mas não consigo me furtar de um posicionamento...